quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ALFAZEMA


Nome científico: Lavandula officinalis.
Variedades utilizadas: Lavandula angustifólia, Lavandula officinalis, Lavandula spica L., Lavandula Vera, Lavandula vulgaris.
Nome popular: Lavanda, alfazema.
Família: Labiatae.

Origem: Cresce principalmente nas regiões quentes do Mediterrâneo, encontrada aclimatada e nativa em diferentes pontos do globo.
Descrição: São pequenos arbustos, perenes, incluindo também as anuais e os subarbustos. O nome é mais frequentemente usado para as espécies do gênero que crescem como ervas e para ornamentação. As lavandas crescem em jardins. Suas flores são usadas para arranjos florais secos. As flores púrpuras e os brotos, de fragrância suave, são utilizados em potpourris.
Partes usadas: Flores e folhas.




Planeta: Mercúrio, Vênus, Júpiter.
Deuses: Hécate, Saturno, Ísis, Hathor, Kuan-in, Vesta e Iemanjá.
Propriedades mágicas: Bastante utilizada em banhos de purificação. Na África as flores e folhas são usadas contra maus-tratos maritais. Significa universalmente pureza, castidade, longevidade, felicidade. Dormir sobre ramos de lavanda abranda a depressão. Feitiços de amor. Combate às culpas de ações impensadas. Na astrologia está associada ao planeta Lua. Restabelece a paz depois das discussões e conflitos. Para o entusiasmo, alegria, determinação. Na medicina oriental, constata-se que a alfazema fortalece a parte In do indivíduo, auxiliando no amadurecimento do lado emotivo.
Festivais e rituais: Sabbat de Ostara, Litha, Mabon e Samhain.






Propriedades terapêuticas: Anti-séptico, tônico, antiespasmódico, calmante, digestivo, antibacteriana, carminativa, revulsiva. Reumatismo, nevralgias, hemicrania, excitação nervosa, insônia, vertigens, contusões, feridas, inapetência, má digestão, asma, coqueluche, faringite, laringite, depressão, cistites, enxaquecas, bronquite, corrimento vaginal, prurido vaginal, sarna, piolho. Para o uso externo: ligeiramente revulsivo, sendo empregada no reumatismo. Tem a capacidade de tranqüilizar o sistema nervoso central, ajudando no fluxo das decisões rotineiras. É bom para acalmar os nervos. Indicado para acnes e bronquites.

Dosagem indicada:
- Asma, bronquite, tosse, catarro, gripes, sinusites, tensão nervosa, depressão, insônia, vertigens, cistites, enxaquecas: coloque 2 colheres de flores em 1 xícara de álcool de cereais a 60%. Deixe em maceração por 5 dias e coe. Tome 1 colher (café) diluída em um pouco de água, 2 vezes ao dia. Pode também adicionar este preparado à água de banho. Faça banho de imersão por 20 minutos.
Decocção: ferver por 2 minutos, em um litro de água, 60g de sumidades floridas de alfazema. Filtrar e beber o líquido de 4 a 6 xícaras ao dia.
Infusão: colocar em infusão, por 5 minutos, 5 g de flores de alfazema em uma xícara de água fervente. Adoçar com mel e beber. Repetir a dose 4 vezes ao dia.
- Cansaço:
Óleo de alfazema: em um recipiente, colocar 3 quartos de litro de um bom azeite e um punhado de flores frescas de alfazema. Fechar bem o recipiente e colocá-lo em um lugar fresco onde deve ser deixado por cerca de 20 dias. Filtrar o óleo sobre um tecido de linho. Pingar algumas gotas do óleo sobre um torrão de açúcar e deixar derreter lentamente na boca. Também alguma gota de essência de alfazema sobre as têmporas e pulsos dará um grande alivio àquele que se sente cansado por excesso de trabalho ou por uma vigília prolongada.
- Contusões:
Alcoolato de alfazema: colocar em infusão, por 15 dias, 50g de flores de alfazema em 1 litro de álcool. Filtrar o líquido e colocá-lo em um vidro provido de tampa em esmeril. Contra as contusões, friccionar suavemente com um pouco de líquido para aliviar as dores e fazer desaparecer a inflamação.
- Fricções: Verter na palma da mão algumas gotas de essência de alfazema e friccionar a região contundida. A essência de alfazema encontra-se à venda em farmácias especializadas. Alcoolato de alfazema, vide contusões. No álcool empregado para uso interno, certificar-se ser álcool de cereais, próprio para consumo. Antes de cada refeição, beber dois dedos de água na qual foram diluídas alguma gotas de alcoolato de alfazema.
- Excitação nervosa:
Infusão: em uma xícara de água quente, colocar em infusão uma pitada da mistura obtida com: 30 de flores de alfazema, 10g de camomila, 5g de hipérico, 5g de lúpulo, 5g de raiz de valeriana. Filtrar o líquido e beber antes de deitar-se.
- Inalação: em uma tigela com água fervente e esfumaçante colocar algumas gotas de essência de alfazema, colocar a cabeça sobre o recipiente, tendo à testa uma toalha. Aspirar profundamente os vapores.
- Feridas:
Desinfetante: a falta de um desinfetante alcoólico pode ser suprida, momentaneamente, com algumas gotas de essência de alfazema vertidas sobre a ferida.
- Insônia: Alcoolato de alfazema: ver contusões. Pingar algumas gotas de alcoolato em um torrão de açúcar e deixar derreter na boca.
Decocção: ferver uma pitada de alfazema em uma xícara de água. Filtrar, adoçar e beber antes de deitar-se.
Infusão: ver excitação nervosa. Uma ou duas xícaras antes de deitar-se.
- Laringite, coqueluche e tosse:
Infusão: colocar 50g de flores de alfazema em um litro de água fervendo. Filtrar e beber de 4 a 5 xícaras, adoçadas com mel, durante o dia.
- Nevralgia:
Óleo de alfazema: ver cansaço. Algumas gotas de óleo sobre um torrão de açúcar. Deixar derreter na boca.
Infusão: misturar as seguintes ervas: 20g de flores de alfazema, 60g de flores de prímula medicinal e 20g de flores de camomila. Colocar 5g desta mistura em uma xícara de água fervente e deixar repousar por meia hora. Filtrar e beber em seguida. A dose deve ser repetida de 2 a 3 vezes ao dia.
- Corrimento vaginal, prurido vaginal, sarna, piolho: coloque 2 colheres(sopa) de flores em 1 xícara (chá) de vinagre branco. Deixe em maceração por 3 dias e coe. No caso de pruridos e corrimento vaginal, adicione 2 colheres(sopa) à água de banho. Faça banho de assento 1 vez ao dia. Para piolhos aplique no couro cabeludo, com ligeira massagem, deixando agir por 2 horas. Em seguida enxágüe e passe o pente fino. Para sarnas, aplique com um chumaço de algodão.
- Escaras de decúbito, queimaduras, picadas de inseto, afecções da pele (eczemas, dermatites e psoríases): Em 1 xícara(chá) coloque 2 colheres (sopa) de flores e adicione óleo de cozinha. Leve ao fogo, em banho-maria, por 1 hora. Espere amornar e coe. Aplique nos locais afetados, com um chumaço de algodão, de 2 a 3 vezes ao dia.

CONTRA-INDICAÇÕES: seu uso dentro das doses preconizadas não tem contra-indicação. Nas mulheres grávidas deve-se evitar o uso em doses altas por ser estimulante uterino.

Propriedades culinárias: conta-se como curiosidade que uma rainha inglesa gostava de conservas condimentadas com alfazema. Pode-se também fazer um vinagre de alfazema, macerando-se alguns caules da alfazema em vinagre branco por 3 semanas. No Marrocos suas flores são usadas numa mistura de especiarias em pratos finos.

Uso geral e Curiosidades: Banho perfumado água de colônia anti-séptica, saquinhos perfumados, sais aromáticos. No uso culinário é feito como vinagre de alfazema e colocado em algumas especiarias marroquinas. Secados e embalados em pequenos saquinhos de tecido de algodão são utilizados para serem colocados entre as roupas do armário para dar-lhes uma fragrância fresca e agradadável, e também para impedir a presença de insetos e parasitas. O cultivo comercial da planta é para a extração de óleos das flores, caules e plantas, que são utilizados como antissépticos, em aromaterapia , e na indústria de cosméticos. Como produto terapêutico, em infusão, deve ser evitado o uso contínuo, podendo produzir excitação em dose tóxica.
As flores de lavanda produzem um néctar abundante que rende um mel de alta qualidade produzida pelas abelhas. O mel da variedade lavanda foi produzido inicialmente nos paises que cercam o Mediterrâneo, e introduzido no mercado mundial como um produto de qualidade superior. As flores da lavanda podem ser utilizadas como decoração de bolos. A lavanda também é usado como erva isoladamente ou como ingrediente da erva da Provence ( França).
Lavandas nativas são encontradas nas Ilhas Canárias, norte e oeste da África, sul da Europa e no Mediterrâneo, Aeábia e Índia.
O óleo essencial da lavanda (do latim "lavare", "lavar") já era utilizado pelos romanops para lavar roupa, tomar banho, aromatizar ambientes e como produto curativo (indicado para insônia, calmante, relaxante, dores, etc.). O óleo é obtido da destilação das flores, caules e folhas da espécie Lavandula officinalis. Entre várias substâncias, o óleo apresenta na sua composição o linalol e o acetato de linalila, que conferem a sua fragrância e, ainda, resina, saponina, taninos cumarinas.
Os maiores produtores de lavanda são a Bulgária, França, Grã-Bretanha, Austrália e Rússia.

AÇAFRÃO

 
Nome científico: Crocus sativus.
Nome popular: Açafrão-da índia, açafrão-da-terra, açafroa, cúrcuma.
Família: Iridáceas.

Origem: É uma planta da Índia, introduzida nas Antilhas e Europa por navegadores.
Descrição: Planta bulbosa de flores de cor lilás, de cujo estigma é extraído o açafrão propriamente dito. Também conhecido como açafrão-verdadeiro, açafrão-oriental, flor-da-aurora e flor-de-hércules. Prefere solos argilo-arenosos e férteis, porém propaga-se em diversos tipos de solo. Necessita de meia-sombra ou iluminação plena. O plantio pode ser feito por sementes (importadas) em sementeiras devem ser transplantadas quando tiverem em torno de 10 a 15 cm de altura. Pode-se também propaga-la por meio de estacas ou divisão de touceiras (na primavera ou outono). A colheita é feita após 2 anos, na floração.
Partes usadas: Estigmas da flor, Rizoma, semelhante ao gengibre, seu parente.





Planeta: Sol.
Elemento: Fogo.
Deuses: Bast, Sekhmet, Morrigu, deusas solares e Amaterasu.
Propriedades mágicas: Usado em rituais e feitiços prosperidade e cura.
Festivais e rituais: Sabbat de Imbolc, Lammas, Yule.




Propriedades terapêuticas: Antiinflamatória, anticoncepcional, antiagregante, plaquetária, antiinfecciosa, antiasmática. Na verdade há muitos trabalhos nos dando conta de que é uma ótima planta para os problemas do fígado e vesícula biliar. Há, também, nestes rizomas, atividades pró-digestiva das boas como quer outra série de bons trabalhos científicos. É uma planta que abaixa o nível de colesterol e lipídios totais no sangue às custas da curcumina. Em altas doses inibe a ovulação e poderia, então, ser usada como anticoncepcional. Os estigmas encerram propriedades emenagogas, antiespasmódicas, eupépticas, sedativas. São empregados nos casos de asma, coqueluche, histeria, bem como contra os cálculos dos rins, do fígado e da bexiga. Oito a dez estigmas, em infusão, são suficientes para um chá. Para combater as hemorróidas, aplicam-se cataplasmas quentes, preparados com o infuso desta planta (três gramas para uma xícara de água). Consumo desaconselhável para mulheres grávidas.
Uso Geral: A cúrcuma participa do curry, tempero tradicional indiano, e é usada por farmácias como corantes. Aliás, os trajes típicos budistas têm a cor amarelada pela cúrcuma usada, que não pode substituir o açafrão caseiro (Crocus sativus Linneo) apenas porque o sabor é muito forte.


Curiosidades e Históricos: É pelo menos tão antigo como a escrita, conforme consta de registros de tempos muito anteriores à nossa era. Da China ao Egito, da Grécia a Roma, o açafrão sempre foi apreciado pelo seu aroma requintado e propriedades medicinais. Talvez por isso não deva estranhar-se que esta especiaria seja a mais cara do mundo. Crocus sativus: é o açafrão verdadeiro, uma planta caríssima, pois, para termos 1 quilo, precisamos de 100 mil flores. Usado há séculos em molhos, arroz e aves. Zeus, deus dos deuses da antiga Grécia, dominado por insaciáveis apetites sexuais, chegou a dormir num colchão forrado com açafrão, na esperança de que a odorífera planta lhe exaltasse as paixões. Até porque, desde que a planta era planta, ou seja, desde o dia em que nascera fruto do sangue derramado do jovem Crocus, assassinado involuntariamente por Hermes, deus do comércio e dos ladrões, que as suas virtudes corriam o Olímpo.





História
O açafrão é uma planta que sempre esteve acompanhada de sacerdotes, filósofos e reis, isto provavelmente pelas suas qualidades e pelo seu preço, sempre muito alto. Os povos antigos utilizavam o açafrão em rituais solares, isto devido à sua coloração. O nome za’faran, nome de origem árabe-persa, foi encontrado pela primeira vez em um afresco do palácio de Minos, em Creta, por volta de 1700 a 1600 a.C. Conta-se que o antigo imperador romano Nero, mandou atapetar as ruas com açafrão para se apresentar ao povo. É originado do Oriente, sendo introduzido na Espanha pelos árabes, e difundindo-se pelo resto da Europa mediterrânea. Não confunda a cúrcuma, denominada de açafrão pelos brasileiros, com o verdadeiro açafrão. Deste empregam-se os estigmas das flores, enquanto da cúrcuma utilizam-se os rizomas.
É pelo menos tão antigo como a escrita, conforme consta de registros de tempos muito anteriores à nossa era. Da China ao Egito, da Grécia a Roma, o açafrão sempre foi apreciado pelo seu aroma requintado e propriedades medicinais. Talvez por isso não deva estranhar-se que esta especiaria seja a mais cara do mundo
Zeus, deus dos deuses da antiga Grécia, dominado por insaciáveis apetites sexuais, chegou a dormir num colchão forrado com açafrão, na esperança de que a odorífera planta lhe exaltasse as paixões. Até porque, desde que a planta era planta, ou seja, desde o dia em que nascera, fruto do sangue derramado do jovem Crocus, assassinado involuntariamente por Hermes, deus do comércio e dos ladrões, que as suas virtudes corriam o Olimpo.
Uma trágica origem para o «crocus sativus», a bela planta bulbosa da família das iridáceas, também designada por açafroeira ou açaflor, de flor lilás, cujos estigmas, finíssimos e de cor vermelha, e parte dos estiletes dão uma especiaria preciosa - a mais cara do mundo - de perfume e sabor requintados, utilizada também, desde tempos remotos, como remédio e pigmento. Por fatalidade ou não, o certo é que Henrique VIII, apreciador da especiaria, mas acima de tudo da ordem no seu reino, mandava para a forca quem fosse apanhado a falsificar açafrão. Uma ideia que já não era nova, uma vez que na poderosa Nuremberga do século XV, castigava-se na fogueira os que obtinham dividendos com a venda da especiaria adulterada. Como é óbvio, hoje já não há penas capitais para quem cai na tentação de vender «gato por lebre», mas as imitações estão mais vivas do que nunca, prova de que o açafrão, talvez por ser tão caro, continua a ser desconhecido para a maioria dos consumidores.
Embora não sendo uma especiaria emblemática de nenhuma receita tradicional portuguesa, como o é da paelha, do risoto à milanesa, da bouillabaisse (equivalente francesa da nossa caldeirada de peixe) ou dos bolos de açafrão, muito populares nos países nórdicos. O açafrão está presente em várias receitas de arroz, de fogaças e, sobretudo na sopa de peixe. No entanto, não há registros do seu cultivo em Portugal, embora o primeiro produtor mundial seja Espanha, nomeadamente a região da Mancha. França, na região do Vaucluse, Grécia e Itália, com climas semelhantes ao nosso, também cultiva açafrão.
É comum aqui no Brasil confundir se açafrão com cúrcuma, conhecida por açafrão-das-Índias, produto que se popularizou nos últimos 30 anos, à venda em todos os supermercados por um preço irrisório, quando comparado com o do açafrão - este apenas é vendido em mercearias finas e em alguns hipermercados.
Enquanto uma embalagem de 50 gramas de cúrcuma, que só tem em comum com o açafrão a cor amarela, custa cerca de R$170,00, uma embalagem de 0,5 gramas de açafrão em rama custa aproximadamente R$50000.
Um frasco de 0,3 gramas de açafrão em pó, contendo três cápsulas de 0,1g cada - quantidade indicada para uma paelha de quatro pessoas - custa cerca de R$300,00. Ou seja, enquanto 50g de cúrcuma custam R$17000, 50g de açafrão custam cerca de 45 contos. Nos Açores usa-se ainda um outro produto de baixa qualidade: a açafroa ou cártamo, da qual também é extraído um óleo.

Maria de Lourdes Modesto, autora do livro «Cozinha Tradicional Portuguesa», é uma admiradora incondicional do açafrão, mas afirma que tem uma guerra com ele: “É pena que um produto tão importante dê azo a tanta confusão, o que resulta numa enormíssima aldrabice”, referindo-se à cúrcuma e às falsificações de produtos rotulados como açafrão.
Não o dispensa na sopa de peixe, mas assegura que é no Minho que ele é mais usado - pratos de arroz, sobretudo - «talvez pela influência da Galiza».
Se pensar que são necessárias mais de 200 mil flores para se obter 1 kg de açafrão e que a colheita, efetuada entre Outubro e Novembro, é inteiramente feita à mão, o mesmo acontecendo com a monda (operação que consiste em separar os estigmas da flor), percebe-se por que motivo os preços do açafrão são muitas vezes comparados aos do ouro.
Houve até épocas em que os dois produtos tiveram preços idênticos. Além disso, a própria plantação dos bolbos, nos meses de Junho e Julho, é igualmente feita à mão. Uma vez abertas, as flores devem ficar o mínimo tempo possível no caule - uma flor murcha perde aroma e sabor - pelo que são necessárias várias pessoas para vigiar os campos. O ouro vermelho, como é designado, não nasceu de uma briga entre divindades gregas mas talvez na península balcânica ou na Ásia Menor, numa época muito anterior à era cristã.
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Deve o seu nome à palavra árabe «az-za'afran» - em latim medieval evoluiu para «safranum» - e foi precisamente pela via árabe que o açafrão penetrou na Península Ibérica.
Os árabes tanto utilizavam o açafrão na cozinha - ainda hoje tomam café com cardamomo e açafrão - como na medicina, graças às suas propriedades anestésicas e anti-espasmódicas. Mas uma das primeiras referências históricas provém de um texto egípcio escrito cerca de 1500 a.C., que refere o cultivo de açafrão em Luxor.
Não deve, pois andar longe da verdade a história segundo a qual Cleópatra utilizava a essência de açafrão para seduzir.
Sabe-se, por exemplo, que os fenícios tinham a tradição de passar a noite de núpcias em lençóis coloridos com açafrão e que os gregos antigos, além de o utilizarem para combater as insónias e curar as ressacas, o consideravam um afrodisíaco poderoso, quando misturado no banho.
Hipócrates, o pai da medicina, descreve-o como um medicamento e Celsus, na Roma pré-cristã, utilizava o açafrão na composição de vários medicamentos contra as dores, a letargia, as cataratas e os venenos.
Uma referência ainda mais distante, um livro de medicina chinesa datado de 2600 a.C., considera o açafrão um fortificante e estimulante sexual.
 

    O açafrão é uma planta bulbosa de flor lilás.
   
    A cor amarela dos cozinhados resulta do corante contido nos estigmas
É no século X que os árabes introduzem o cultivo da planta em Espanha. Hoje, o país produz mais de dez toneladas, das quais apenas um quarto se destina ao consumo interno. Existe produção nas ilhas Baleares e na Andaluzia, mas é na região da Mancha - Albacete, Ciudad Real, Toledo e Cuenca - que se concentra o grosso da actividade, num total de 1500 hectares. Foi durante as Cruzadas que o cultivo se disseminou pela Europa, chegando mesmo a Inglaterra, nomeadamente à cidade de Walden, para onde foi levado no século XIV por um peregrino que regressou da Terra Santa com alguns bolbos escondidos na algibeira.
Certo é que a planta vingou e anos depois já os seus descendentes forneciam açafrão para as padarias e pastelarias, bem como para as fábricas de tecidos, que o utilizavam como pigmento. A cidade, situada a sudeste de Cambridge, foi mais tarde rebaptizada de Saffron Walden, em homenagem a esse episódio passado.
Durante o Renascimento, é Veneza que comanda os destinos do açafrão, mas nos séculos subsequentes as fraudes eram tão frequentes que perdeu prestígio.
Só depois da II Guerra, com o incremento do turismo e a globalização dos hábitos, o açafrão reconquistou o seu lugar na culinária dos países não produtores.
Mas a prática de adulteração deve ser tão antiga como a própria planta. Hoje, o truque mais frequente consiste em adicionar uma parte dos estames amarelos, que são apenas colorantes, flores de cártamo ou corantes artificiais. Para aumentar o peso, os falsificadores humedecem o açafrão com xarope, mel, glicerina e gorduras por vezes difíceis de identificar.
A maioria dos especialistas considera o açafrão espanhol o melhor do mundo, embora sejam feitas referências elogiosas ao açafrão grego, italiano e iraniano.
Em Caxemira, na Índia, também se produz açafrão, mas de qualidade inferior. Maria de Lourdes Modesto prefere o produto espanhol, mas alerta para a necessidade de se utilizar este condimento «sem exageros».
É tão forte que bastam uns pozinhos ou dois ou três filamentos, dissolvidos em água, para aromatizar e colorir um prato. Tem um sabor difícil de definir: ligeiramente acre, quente, como muitas especiarias orientais, e fresco, como se proviesse do mar. «Sabe-me vagamente a fénico», afirma Maria de Lourdes. «Por isso é que raramente condimenta carnes.» Acrescenta ainda que o tomate, o anis, a salva, o pimentão e o caldo de crustáceos são bons companheiros desta especiaria.
Escolher o melhor açafrão pode dar muitas dores de cabeça, mas não será caso para acreditar em Alexandre Dumas que, horrorizado com o seu aroma penetrante, pensou que podia causar cefaleias gravíssimas ou até a morte.
Quem prova açafrão uma vez pode morrer, não da ingestão, mas de prazer.

ALECRIM-PIMENTA


Nome científico: Lippia sidoides.
Nome popular: alecrim-pimenta, lípia, alecrim-pimenta, alecrim-do-nordeste, estrepa-cavalo, alecrim-bravo, alecrim-grande.
Família: Verbenaceae.

Descrição morfológica: mês de floração é maio, e mês de frutificação é julho. É um grande arbusto caducifólio, muito ramificado e quebradiço, com folhas aromáticas e picantes, do semi-arido nordestino. Tem flores pequenas e frutinhos em aquênio, que não germinam. Para a reprodução é preciso mudas.
Origem: planta muito encontrada no semi-árido do nordeste e principalmente no Rio Grande do Norte e no Ceará.  
Partes usadas: as folhas e as flores.




Elemento: Terra e Ar.
Planeta: Sol, Mercúrio.
Propriedades mágicas: aromatizante, harmonização, purificação, limpeza.
Festivais e rituais: Usados em Sabbats de Imbolc, Lammas e Litha.





Propriedades terapêuticas: Antibiótica, antimicótica. afeccções da pele, impingem, mau cheiro dos pés (chulé), axilas e virilhas, afta, corrimento vaginal, acne, escabiose, impigens, caspa, sarna infecciosa, pé-de-atleta, inflamações da boca e garganta. Anti-séptico de uso local para pele e mucosas. As partes medicinais são as folhas e as flores usadas em chás em lavações nasais para rinite alérgica. Também útil para aftas e corrimento vaginal, em gargarejos e lavações, respectivamente. Pode ser feito tintura das folhas a 20%, aplicada em couro cabeludo e afecções da pele, como impingens e "chulé".

Preparo e dosagem:
Infusão: Uma colher de chá de folhas picadas para cada xícara de água, tomar 2 a 3 xícaras por dia.
Tintura: 200 a 300g de folhas frescas com 1/2 l de álcool e 250ml de água. Usar como loção em lavagens e compressas. Para gargarejos e bochechos usar a tintura diluída em duas partes de água.