quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ALFAZEMA


Nome científico: Lavandula officinalis.
Variedades utilizadas: Lavandula angustifólia, Lavandula officinalis, Lavandula spica L., Lavandula Vera, Lavandula vulgaris.
Nome popular: Lavanda, alfazema.
Família: Labiatae.

Origem: Cresce principalmente nas regiões quentes do Mediterrâneo, encontrada aclimatada e nativa em diferentes pontos do globo.
Descrição: São pequenos arbustos, perenes, incluindo também as anuais e os subarbustos. O nome é mais frequentemente usado para as espécies do gênero que crescem como ervas e para ornamentação. As lavandas crescem em jardins. Suas flores são usadas para arranjos florais secos. As flores púrpuras e os brotos, de fragrância suave, são utilizados em potpourris.
Partes usadas: Flores e folhas.




Planeta: Mercúrio, Vênus, Júpiter.
Deuses: Hécate, Saturno, Ísis, Hathor, Kuan-in, Vesta e Iemanjá.
Propriedades mágicas: Bastante utilizada em banhos de purificação. Na África as flores e folhas são usadas contra maus-tratos maritais. Significa universalmente pureza, castidade, longevidade, felicidade. Dormir sobre ramos de lavanda abranda a depressão. Feitiços de amor. Combate às culpas de ações impensadas. Na astrologia está associada ao planeta Lua. Restabelece a paz depois das discussões e conflitos. Para o entusiasmo, alegria, determinação. Na medicina oriental, constata-se que a alfazema fortalece a parte In do indivíduo, auxiliando no amadurecimento do lado emotivo.
Festivais e rituais: Sabbat de Ostara, Litha, Mabon e Samhain.






Propriedades terapêuticas: Anti-séptico, tônico, antiespasmódico, calmante, digestivo, antibacteriana, carminativa, revulsiva. Reumatismo, nevralgias, hemicrania, excitação nervosa, insônia, vertigens, contusões, feridas, inapetência, má digestão, asma, coqueluche, faringite, laringite, depressão, cistites, enxaquecas, bronquite, corrimento vaginal, prurido vaginal, sarna, piolho. Para o uso externo: ligeiramente revulsivo, sendo empregada no reumatismo. Tem a capacidade de tranqüilizar o sistema nervoso central, ajudando no fluxo das decisões rotineiras. É bom para acalmar os nervos. Indicado para acnes e bronquites.

Dosagem indicada:
- Asma, bronquite, tosse, catarro, gripes, sinusites, tensão nervosa, depressão, insônia, vertigens, cistites, enxaquecas: coloque 2 colheres de flores em 1 xícara de álcool de cereais a 60%. Deixe em maceração por 5 dias e coe. Tome 1 colher (café) diluída em um pouco de água, 2 vezes ao dia. Pode também adicionar este preparado à água de banho. Faça banho de imersão por 20 minutos.
Decocção: ferver por 2 minutos, em um litro de água, 60g de sumidades floridas de alfazema. Filtrar e beber o líquido de 4 a 6 xícaras ao dia.
Infusão: colocar em infusão, por 5 minutos, 5 g de flores de alfazema em uma xícara de água fervente. Adoçar com mel e beber. Repetir a dose 4 vezes ao dia.
- Cansaço:
Óleo de alfazema: em um recipiente, colocar 3 quartos de litro de um bom azeite e um punhado de flores frescas de alfazema. Fechar bem o recipiente e colocá-lo em um lugar fresco onde deve ser deixado por cerca de 20 dias. Filtrar o óleo sobre um tecido de linho. Pingar algumas gotas do óleo sobre um torrão de açúcar e deixar derreter lentamente na boca. Também alguma gota de essência de alfazema sobre as têmporas e pulsos dará um grande alivio àquele que se sente cansado por excesso de trabalho ou por uma vigília prolongada.
- Contusões:
Alcoolato de alfazema: colocar em infusão, por 15 dias, 50g de flores de alfazema em 1 litro de álcool. Filtrar o líquido e colocá-lo em um vidro provido de tampa em esmeril. Contra as contusões, friccionar suavemente com um pouco de líquido para aliviar as dores e fazer desaparecer a inflamação.
- Fricções: Verter na palma da mão algumas gotas de essência de alfazema e friccionar a região contundida. A essência de alfazema encontra-se à venda em farmácias especializadas. Alcoolato de alfazema, vide contusões. No álcool empregado para uso interno, certificar-se ser álcool de cereais, próprio para consumo. Antes de cada refeição, beber dois dedos de água na qual foram diluídas alguma gotas de alcoolato de alfazema.
- Excitação nervosa:
Infusão: em uma xícara de água quente, colocar em infusão uma pitada da mistura obtida com: 30 de flores de alfazema, 10g de camomila, 5g de hipérico, 5g de lúpulo, 5g de raiz de valeriana. Filtrar o líquido e beber antes de deitar-se.
- Inalação: em uma tigela com água fervente e esfumaçante colocar algumas gotas de essência de alfazema, colocar a cabeça sobre o recipiente, tendo à testa uma toalha. Aspirar profundamente os vapores.
- Feridas:
Desinfetante: a falta de um desinfetante alcoólico pode ser suprida, momentaneamente, com algumas gotas de essência de alfazema vertidas sobre a ferida.
- Insônia: Alcoolato de alfazema: ver contusões. Pingar algumas gotas de alcoolato em um torrão de açúcar e deixar derreter na boca.
Decocção: ferver uma pitada de alfazema em uma xícara de água. Filtrar, adoçar e beber antes de deitar-se.
Infusão: ver excitação nervosa. Uma ou duas xícaras antes de deitar-se.
- Laringite, coqueluche e tosse:
Infusão: colocar 50g de flores de alfazema em um litro de água fervendo. Filtrar e beber de 4 a 5 xícaras, adoçadas com mel, durante o dia.
- Nevralgia:
Óleo de alfazema: ver cansaço. Algumas gotas de óleo sobre um torrão de açúcar. Deixar derreter na boca.
Infusão: misturar as seguintes ervas: 20g de flores de alfazema, 60g de flores de prímula medicinal e 20g de flores de camomila. Colocar 5g desta mistura em uma xícara de água fervente e deixar repousar por meia hora. Filtrar e beber em seguida. A dose deve ser repetida de 2 a 3 vezes ao dia.
- Corrimento vaginal, prurido vaginal, sarna, piolho: coloque 2 colheres(sopa) de flores em 1 xícara (chá) de vinagre branco. Deixe em maceração por 3 dias e coe. No caso de pruridos e corrimento vaginal, adicione 2 colheres(sopa) à água de banho. Faça banho de assento 1 vez ao dia. Para piolhos aplique no couro cabeludo, com ligeira massagem, deixando agir por 2 horas. Em seguida enxágüe e passe o pente fino. Para sarnas, aplique com um chumaço de algodão.
- Escaras de decúbito, queimaduras, picadas de inseto, afecções da pele (eczemas, dermatites e psoríases): Em 1 xícara(chá) coloque 2 colheres (sopa) de flores e adicione óleo de cozinha. Leve ao fogo, em banho-maria, por 1 hora. Espere amornar e coe. Aplique nos locais afetados, com um chumaço de algodão, de 2 a 3 vezes ao dia.

CONTRA-INDICAÇÕES: seu uso dentro das doses preconizadas não tem contra-indicação. Nas mulheres grávidas deve-se evitar o uso em doses altas por ser estimulante uterino.

Propriedades culinárias: conta-se como curiosidade que uma rainha inglesa gostava de conservas condimentadas com alfazema. Pode-se também fazer um vinagre de alfazema, macerando-se alguns caules da alfazema em vinagre branco por 3 semanas. No Marrocos suas flores são usadas numa mistura de especiarias em pratos finos.

Uso geral e Curiosidades: Banho perfumado água de colônia anti-séptica, saquinhos perfumados, sais aromáticos. No uso culinário é feito como vinagre de alfazema e colocado em algumas especiarias marroquinas. Secados e embalados em pequenos saquinhos de tecido de algodão são utilizados para serem colocados entre as roupas do armário para dar-lhes uma fragrância fresca e agradadável, e também para impedir a presença de insetos e parasitas. O cultivo comercial da planta é para a extração de óleos das flores, caules e plantas, que são utilizados como antissépticos, em aromaterapia , e na indústria de cosméticos. Como produto terapêutico, em infusão, deve ser evitado o uso contínuo, podendo produzir excitação em dose tóxica.
As flores de lavanda produzem um néctar abundante que rende um mel de alta qualidade produzida pelas abelhas. O mel da variedade lavanda foi produzido inicialmente nos paises que cercam o Mediterrâneo, e introduzido no mercado mundial como um produto de qualidade superior. As flores da lavanda podem ser utilizadas como decoração de bolos. A lavanda também é usado como erva isoladamente ou como ingrediente da erva da Provence ( França).
Lavandas nativas são encontradas nas Ilhas Canárias, norte e oeste da África, sul da Europa e no Mediterrâneo, Aeábia e Índia.
O óleo essencial da lavanda (do latim "lavare", "lavar") já era utilizado pelos romanops para lavar roupa, tomar banho, aromatizar ambientes e como produto curativo (indicado para insônia, calmante, relaxante, dores, etc.). O óleo é obtido da destilação das flores, caules e folhas da espécie Lavandula officinalis. Entre várias substâncias, o óleo apresenta na sua composição o linalol e o acetato de linalila, que conferem a sua fragrância e, ainda, resina, saponina, taninos cumarinas.
Os maiores produtores de lavanda são a Bulgária, França, Grã-Bretanha, Austrália e Rússia.

AÇAFRÃO

 
Nome científico: Crocus sativus.
Nome popular: Açafrão-da índia, açafrão-da-terra, açafroa, cúrcuma.
Família: Iridáceas.

Origem: É uma planta da Índia, introduzida nas Antilhas e Europa por navegadores.
Descrição: Planta bulbosa de flores de cor lilás, de cujo estigma é extraído o açafrão propriamente dito. Também conhecido como açafrão-verdadeiro, açafrão-oriental, flor-da-aurora e flor-de-hércules. Prefere solos argilo-arenosos e férteis, porém propaga-se em diversos tipos de solo. Necessita de meia-sombra ou iluminação plena. O plantio pode ser feito por sementes (importadas) em sementeiras devem ser transplantadas quando tiverem em torno de 10 a 15 cm de altura. Pode-se também propaga-la por meio de estacas ou divisão de touceiras (na primavera ou outono). A colheita é feita após 2 anos, na floração.
Partes usadas: Estigmas da flor, Rizoma, semelhante ao gengibre, seu parente.





Planeta: Sol.
Elemento: Fogo.
Deuses: Bast, Sekhmet, Morrigu, deusas solares e Amaterasu.
Propriedades mágicas: Usado em rituais e feitiços prosperidade e cura.
Festivais e rituais: Sabbat de Imbolc, Lammas, Yule.




Propriedades terapêuticas: Antiinflamatória, anticoncepcional, antiagregante, plaquetária, antiinfecciosa, antiasmática. Na verdade há muitos trabalhos nos dando conta de que é uma ótima planta para os problemas do fígado e vesícula biliar. Há, também, nestes rizomas, atividades pró-digestiva das boas como quer outra série de bons trabalhos científicos. É uma planta que abaixa o nível de colesterol e lipídios totais no sangue às custas da curcumina. Em altas doses inibe a ovulação e poderia, então, ser usada como anticoncepcional. Os estigmas encerram propriedades emenagogas, antiespasmódicas, eupépticas, sedativas. São empregados nos casos de asma, coqueluche, histeria, bem como contra os cálculos dos rins, do fígado e da bexiga. Oito a dez estigmas, em infusão, são suficientes para um chá. Para combater as hemorróidas, aplicam-se cataplasmas quentes, preparados com o infuso desta planta (três gramas para uma xícara de água). Consumo desaconselhável para mulheres grávidas.
Uso Geral: A cúrcuma participa do curry, tempero tradicional indiano, e é usada por farmácias como corantes. Aliás, os trajes típicos budistas têm a cor amarelada pela cúrcuma usada, que não pode substituir o açafrão caseiro (Crocus sativus Linneo) apenas porque o sabor é muito forte.


Curiosidades e Históricos: É pelo menos tão antigo como a escrita, conforme consta de registros de tempos muito anteriores à nossa era. Da China ao Egito, da Grécia a Roma, o açafrão sempre foi apreciado pelo seu aroma requintado e propriedades medicinais. Talvez por isso não deva estranhar-se que esta especiaria seja a mais cara do mundo. Crocus sativus: é o açafrão verdadeiro, uma planta caríssima, pois, para termos 1 quilo, precisamos de 100 mil flores. Usado há séculos em molhos, arroz e aves. Zeus, deus dos deuses da antiga Grécia, dominado por insaciáveis apetites sexuais, chegou a dormir num colchão forrado com açafrão, na esperança de que a odorífera planta lhe exaltasse as paixões. Até porque, desde que a planta era planta, ou seja, desde o dia em que nascera fruto do sangue derramado do jovem Crocus, assassinado involuntariamente por Hermes, deus do comércio e dos ladrões, que as suas virtudes corriam o Olímpo.





História
O açafrão é uma planta que sempre esteve acompanhada de sacerdotes, filósofos e reis, isto provavelmente pelas suas qualidades e pelo seu preço, sempre muito alto. Os povos antigos utilizavam o açafrão em rituais solares, isto devido à sua coloração. O nome za’faran, nome de origem árabe-persa, foi encontrado pela primeira vez em um afresco do palácio de Minos, em Creta, por volta de 1700 a 1600 a.C. Conta-se que o antigo imperador romano Nero, mandou atapetar as ruas com açafrão para se apresentar ao povo. É originado do Oriente, sendo introduzido na Espanha pelos árabes, e difundindo-se pelo resto da Europa mediterrânea. Não confunda a cúrcuma, denominada de açafrão pelos brasileiros, com o verdadeiro açafrão. Deste empregam-se os estigmas das flores, enquanto da cúrcuma utilizam-se os rizomas.
É pelo menos tão antigo como a escrita, conforme consta de registros de tempos muito anteriores à nossa era. Da China ao Egito, da Grécia a Roma, o açafrão sempre foi apreciado pelo seu aroma requintado e propriedades medicinais. Talvez por isso não deva estranhar-se que esta especiaria seja a mais cara do mundo
Zeus, deus dos deuses da antiga Grécia, dominado por insaciáveis apetites sexuais, chegou a dormir num colchão forrado com açafrão, na esperança de que a odorífera planta lhe exaltasse as paixões. Até porque, desde que a planta era planta, ou seja, desde o dia em que nascera, fruto do sangue derramado do jovem Crocus, assassinado involuntariamente por Hermes, deus do comércio e dos ladrões, que as suas virtudes corriam o Olimpo.
Uma trágica origem para o «crocus sativus», a bela planta bulbosa da família das iridáceas, também designada por açafroeira ou açaflor, de flor lilás, cujos estigmas, finíssimos e de cor vermelha, e parte dos estiletes dão uma especiaria preciosa - a mais cara do mundo - de perfume e sabor requintados, utilizada também, desde tempos remotos, como remédio e pigmento. Por fatalidade ou não, o certo é que Henrique VIII, apreciador da especiaria, mas acima de tudo da ordem no seu reino, mandava para a forca quem fosse apanhado a falsificar açafrão. Uma ideia que já não era nova, uma vez que na poderosa Nuremberga do século XV, castigava-se na fogueira os que obtinham dividendos com a venda da especiaria adulterada. Como é óbvio, hoje já não há penas capitais para quem cai na tentação de vender «gato por lebre», mas as imitações estão mais vivas do que nunca, prova de que o açafrão, talvez por ser tão caro, continua a ser desconhecido para a maioria dos consumidores.
Embora não sendo uma especiaria emblemática de nenhuma receita tradicional portuguesa, como o é da paelha, do risoto à milanesa, da bouillabaisse (equivalente francesa da nossa caldeirada de peixe) ou dos bolos de açafrão, muito populares nos países nórdicos. O açafrão está presente em várias receitas de arroz, de fogaças e, sobretudo na sopa de peixe. No entanto, não há registros do seu cultivo em Portugal, embora o primeiro produtor mundial seja Espanha, nomeadamente a região da Mancha. França, na região do Vaucluse, Grécia e Itália, com climas semelhantes ao nosso, também cultiva açafrão.
É comum aqui no Brasil confundir se açafrão com cúrcuma, conhecida por açafrão-das-Índias, produto que se popularizou nos últimos 30 anos, à venda em todos os supermercados por um preço irrisório, quando comparado com o do açafrão - este apenas é vendido em mercearias finas e em alguns hipermercados.
Enquanto uma embalagem de 50 gramas de cúrcuma, que só tem em comum com o açafrão a cor amarela, custa cerca de R$170,00, uma embalagem de 0,5 gramas de açafrão em rama custa aproximadamente R$50000.
Um frasco de 0,3 gramas de açafrão em pó, contendo três cápsulas de 0,1g cada - quantidade indicada para uma paelha de quatro pessoas - custa cerca de R$300,00. Ou seja, enquanto 50g de cúrcuma custam R$17000, 50g de açafrão custam cerca de 45 contos. Nos Açores usa-se ainda um outro produto de baixa qualidade: a açafroa ou cártamo, da qual também é extraído um óleo.

Maria de Lourdes Modesto, autora do livro «Cozinha Tradicional Portuguesa», é uma admiradora incondicional do açafrão, mas afirma que tem uma guerra com ele: “É pena que um produto tão importante dê azo a tanta confusão, o que resulta numa enormíssima aldrabice”, referindo-se à cúrcuma e às falsificações de produtos rotulados como açafrão.
Não o dispensa na sopa de peixe, mas assegura que é no Minho que ele é mais usado - pratos de arroz, sobretudo - «talvez pela influência da Galiza».
Se pensar que são necessárias mais de 200 mil flores para se obter 1 kg de açafrão e que a colheita, efetuada entre Outubro e Novembro, é inteiramente feita à mão, o mesmo acontecendo com a monda (operação que consiste em separar os estigmas da flor), percebe-se por que motivo os preços do açafrão são muitas vezes comparados aos do ouro.
Houve até épocas em que os dois produtos tiveram preços idênticos. Além disso, a própria plantação dos bolbos, nos meses de Junho e Julho, é igualmente feita à mão. Uma vez abertas, as flores devem ficar o mínimo tempo possível no caule - uma flor murcha perde aroma e sabor - pelo que são necessárias várias pessoas para vigiar os campos. O ouro vermelho, como é designado, não nasceu de uma briga entre divindades gregas mas talvez na península balcânica ou na Ásia Menor, numa época muito anterior à era cristã.
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Deve o seu nome à palavra árabe «az-za'afran» - em latim medieval evoluiu para «safranum» - e foi precisamente pela via árabe que o açafrão penetrou na Península Ibérica.
Os árabes tanto utilizavam o açafrão na cozinha - ainda hoje tomam café com cardamomo e açafrão - como na medicina, graças às suas propriedades anestésicas e anti-espasmódicas. Mas uma das primeiras referências históricas provém de um texto egípcio escrito cerca de 1500 a.C., que refere o cultivo de açafrão em Luxor.
Não deve, pois andar longe da verdade a história segundo a qual Cleópatra utilizava a essência de açafrão para seduzir.
Sabe-se, por exemplo, que os fenícios tinham a tradição de passar a noite de núpcias em lençóis coloridos com açafrão e que os gregos antigos, além de o utilizarem para combater as insónias e curar as ressacas, o consideravam um afrodisíaco poderoso, quando misturado no banho.
Hipócrates, o pai da medicina, descreve-o como um medicamento e Celsus, na Roma pré-cristã, utilizava o açafrão na composição de vários medicamentos contra as dores, a letargia, as cataratas e os venenos.
Uma referência ainda mais distante, um livro de medicina chinesa datado de 2600 a.C., considera o açafrão um fortificante e estimulante sexual.
 

    O açafrão é uma planta bulbosa de flor lilás.
   
    A cor amarela dos cozinhados resulta do corante contido nos estigmas
É no século X que os árabes introduzem o cultivo da planta em Espanha. Hoje, o país produz mais de dez toneladas, das quais apenas um quarto se destina ao consumo interno. Existe produção nas ilhas Baleares e na Andaluzia, mas é na região da Mancha - Albacete, Ciudad Real, Toledo e Cuenca - que se concentra o grosso da actividade, num total de 1500 hectares. Foi durante as Cruzadas que o cultivo se disseminou pela Europa, chegando mesmo a Inglaterra, nomeadamente à cidade de Walden, para onde foi levado no século XIV por um peregrino que regressou da Terra Santa com alguns bolbos escondidos na algibeira.
Certo é que a planta vingou e anos depois já os seus descendentes forneciam açafrão para as padarias e pastelarias, bem como para as fábricas de tecidos, que o utilizavam como pigmento. A cidade, situada a sudeste de Cambridge, foi mais tarde rebaptizada de Saffron Walden, em homenagem a esse episódio passado.
Durante o Renascimento, é Veneza que comanda os destinos do açafrão, mas nos séculos subsequentes as fraudes eram tão frequentes que perdeu prestígio.
Só depois da II Guerra, com o incremento do turismo e a globalização dos hábitos, o açafrão reconquistou o seu lugar na culinária dos países não produtores.
Mas a prática de adulteração deve ser tão antiga como a própria planta. Hoje, o truque mais frequente consiste em adicionar uma parte dos estames amarelos, que são apenas colorantes, flores de cártamo ou corantes artificiais. Para aumentar o peso, os falsificadores humedecem o açafrão com xarope, mel, glicerina e gorduras por vezes difíceis de identificar.
A maioria dos especialistas considera o açafrão espanhol o melhor do mundo, embora sejam feitas referências elogiosas ao açafrão grego, italiano e iraniano.
Em Caxemira, na Índia, também se produz açafrão, mas de qualidade inferior. Maria de Lourdes Modesto prefere o produto espanhol, mas alerta para a necessidade de se utilizar este condimento «sem exageros».
É tão forte que bastam uns pozinhos ou dois ou três filamentos, dissolvidos em água, para aromatizar e colorir um prato. Tem um sabor difícil de definir: ligeiramente acre, quente, como muitas especiarias orientais, e fresco, como se proviesse do mar. «Sabe-me vagamente a fénico», afirma Maria de Lourdes. «Por isso é que raramente condimenta carnes.» Acrescenta ainda que o tomate, o anis, a salva, o pimentão e o caldo de crustáceos são bons companheiros desta especiaria.
Escolher o melhor açafrão pode dar muitas dores de cabeça, mas não será caso para acreditar em Alexandre Dumas que, horrorizado com o seu aroma penetrante, pensou que podia causar cefaleias gravíssimas ou até a morte.
Quem prova açafrão uma vez pode morrer, não da ingestão, mas de prazer.

ALECRIM-PIMENTA


Nome científico: Lippia sidoides.
Nome popular: alecrim-pimenta, lípia, alecrim-pimenta, alecrim-do-nordeste, estrepa-cavalo, alecrim-bravo, alecrim-grande.
Família: Verbenaceae.

Descrição morfológica: mês de floração é maio, e mês de frutificação é julho. É um grande arbusto caducifólio, muito ramificado e quebradiço, com folhas aromáticas e picantes, do semi-arido nordestino. Tem flores pequenas e frutinhos em aquênio, que não germinam. Para a reprodução é preciso mudas.
Origem: planta muito encontrada no semi-árido do nordeste e principalmente no Rio Grande do Norte e no Ceará.  
Partes usadas: as folhas e as flores.




Elemento: Terra e Ar.
Planeta: Sol, Mercúrio.
Propriedades mágicas: aromatizante, harmonização, purificação, limpeza.
Festivais e rituais: Usados em Sabbats de Imbolc, Lammas e Litha.





Propriedades terapêuticas: Antibiótica, antimicótica. afeccções da pele, impingem, mau cheiro dos pés (chulé), axilas e virilhas, afta, corrimento vaginal, acne, escabiose, impigens, caspa, sarna infecciosa, pé-de-atleta, inflamações da boca e garganta. Anti-séptico de uso local para pele e mucosas. As partes medicinais são as folhas e as flores usadas em chás em lavações nasais para rinite alérgica. Também útil para aftas e corrimento vaginal, em gargarejos e lavações, respectivamente. Pode ser feito tintura das folhas a 20%, aplicada em couro cabeludo e afecções da pele, como impingens e "chulé".

Preparo e dosagem:
Infusão: Uma colher de chá de folhas picadas para cada xícara de água, tomar 2 a 3 xícaras por dia.
Tintura: 200 a 300g de folhas frescas com 1/2 l de álcool e 250ml de água. Usar como loção em lavagens e compressas. Para gargarejos e bochechos usar a tintura diluída em duas partes de água.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

ABSINTO (mesmo que Losna)


Nome científico: Artemisia absinthium L.
Nome popular: losna, absinto, erva-do-fel, alenjo, erva-de-santa-margarida, sintro e erva-dos-vermes.
FamíliaAsteraceae.

Origem: originária da Europa
Descrições: Planta pertencente à família das Compostas, originária da Europa, a losna (Artemisia absinthium) é uma planta herbácea, perene (cultivada muitas vezes como anual), que alcança de 1m a 1,20m. de altura. Produz folhas recortadas, de coloração verde-acinzentada e flores amarelas, bem miúdas e reunidas em pequenos cachos. Em algumas regiões do Brasil a floração da planta é difícil, principalmente em locais muito quentes ou com sol intenso; por isso, para finalidades medicinais costuma-se utilizar mais as folhas do que as flores. Também é muito importante lembrar que a losna ou absinto (Artemisia absinthium) não deve ser confundido com outra planta muito conhecida: o abrótano (Artemisia abrotanum) que apresenta folhas mais finas e sabor agradável.
Partes usadas: flores e folhas.



Planeta: Plutão, Lua e Saturno.
Elemento: Terra.
Deuses: Afrodite, Ártemis, Diana e a Grande Mãe e todas as ninfas pagãs da Rússia.

Propriedades mágicas: Amor e prosperidade. Está associado à destruição, como veneno.
Festivais e rituais: Sabbat de Imbolc, Litha e Yule.

Propriedade terapêutica: Como planta digestiva e aperitiva, sua ação se dá pelo estímulo à salivação e à produção de sucos gástricos e, por essa mesma razão, não é recomendada para pessoas que apresentam problemas como úlceras e gastrite. Usada corretamente e sem excessos, a infusão da losna pode aumentar a secreção biliar, favorecendo o funcionamento do fígado e, ingerida meia hora antes da refeição, pode agir como estimulante do apetite e auxiliar da digestão. Além disso, a maceração da planta com álcool, segundo alguns estudos já realizados, apresenta graves perigos, podendo provocar dependência, alucinações e convulsões.
Sua principal indicação é para: anemia, anorexia, azia, circulação, diabete, diarréia, distúrbios digestivos e hepáticos, tuberculose, vermes e muitas outras indicações.
Modo de preparo:
- infusão de uma ou duas colheres de caules cortados por chávena de água, três vezes ao dia;
- infusão de 20g de folhas ou flores em 1 litro de água fervente (aproximadamente por 10 minutos). Tomar uma colher de sopa de hora em hora ou tomar duas xícaras ao dia, antes ou após as refeições principais;
- Xarope Folie’Verte: coloque um punhado de folhas e flores picadas em uma xícara com água fervente; abafe por alguns minutos e logo depois de coar o ‘chá’, adicione uma xícara de mel e deixe homogeneizar.
Adultos: uma colher de sopa 3x ao dia.        Crianças: uma colher de chá 3x ao dia.
- Cataplasma: aplicar a folha quente sobre locais doloridos do ventre;
- Massagem da Fada: esfregue-ás sobre as partes afetadas (anti-reumático).


CUIDADOS: Quanto aos cuidados, não é recomendável o uso por mulheres grávidas e crianças.

Usos e cuidados: Os componentes responsáveis pelo uso medicinal da losna ou absinto são: um óleo essencial (vermífugo e emenagogo), absintina (responsável pelo sabor amargo), resinas, tanino, ácidos e nitratos. A palavra "vermute" tem tudo a ver com a losna: significa "warmwurz", ou seja, "raiz quente" e é o nome da losna em alemão. Já em grego, a palavra losna significaria "privado de doçura". A medicina popular desaconselha o uso da losna por mulheres em fase de amamentação, pois a planta "torna o leite amargo". O absinto é famoso desde tempos muito antigos por suas virtudes medicinais, sendo inclusive citado num papiro egípcio que data de 1.600a.C.. Na Grécia Antiga, esta planta era dedicada à Ártemis, deusa da fecundidade e da caça. Daí a origem de seu nome científico.




Uma bebida apreciada por intelectuais - "Fada verde" (La Fée Verte)

Absinto destilada feito da erva Artemisia absinthium. Anis, funcho e por vezes outras ervas compõem a bebida. Ela foi criada e utilizada primeiramente como remédio pelo Dr. Pierre Ordinaire, médico francês que vivia em Couvet na Suíça por volta de 1792.[1]
É por vezes incorretamente chamado de licor, mas é na verdade uma bebida destilada.
O absinto foi especialmente popular na França, sobretudo pela ligação aos artistas parisienses de finais do século XIX e princípios do século XX, até a sua proibição em 1915, tendo ganho alguma popularidade com a sua legalização em vários países. É também conhecido popularmente de fada verde (La Fée Verte) em virtude de um suposto efeito alucinógeno. Charles Baudelaire, Paul Verlaine, Arthur Rimbaud, Vincent van Gogh, Oscar Wilde, Henri de Toulouse-Lautrec e Aleister Crowley eram adeptos da fada verde.
Tem geralmente uma cor verde-pálida, transparente ou, no caso de envelhecido, castanho claro.
Criada originalmente como infusão medicinal pelo médico francês, com uma porcentagem de álcool muito elevada de 40% e 85%, na Belle epoque tornou-se a bebida da moda, contando com certo poder alucinógeno da planta Artemisia absinthium que a integrava e que deu nome à bebida.
Para apreciação de novos sabores, era servido com torrão de açúcar e láudano, este último um opióide. Sem o láudano, atualmente pode ser consumido com água, que reduz a graduação alcóolica da bebida. Desta forma, sobre o copo com a bebida é colocada uma colher perfurada que sustenta o torrão de açúcar, e por onde passará a água gelada que será vertida lentamente sobre o torrão.

Proibição
·         Na Europa do início do século XX o absinto pode ser considerado uma de droga de massas, levando a população ao alcoolismo e, segundo médicos da época, ocasionando outros problemas de sáude, inclusive mentais, tais como: epilepsia, impotência sexual, tuberculose, sífilis, suicídio e loucura.
·         Em 1873, após noite de consumo de absinto, o poeta Paul Verlaine atirou em Arthur Rimbaud, seu amante na ocasião. Van Gogh, além de suas perturbações inatas, estava sob o efeito do absinto quando cortou a própria orelha e agrediu Gauguin.[2]
·         Na Suíça, considera-se que cerca de 40% da população adulta era dependente da "fada verde". Em 1912, cerca de 220 milhões de litros de absinto eram produzidos na França.[2] O consumo de absinto na França era tão elevado que a hora do consumo foi apelidada de hora verde, entre 17:00 e 19:00 da noite.[3][4]
·         Além dos males causados à saúde popular, o absinto foi responsável pelo aumento da criminalidade. Em 1905, Jean Lanfray assassinou sua família com uma espingarda após grande consumo de outros tipos de álcool e de absinto.[2] Em 1908, por plebiscito popular, foi proibido na Suíca, onde 63,5% dos eleitores apoiaram a proibição. Aplicada em 1910, a lei proibiu o absinto na Suíça. Outros países seguiram e em 1913 os EUA e quase toda Europa haviam adotado a proibição. Apenas na Espanha, Portugal, Dinamarca e e Inglaterra ainda era permitido o consumo, desde que a bebida fosse produzida com quantidade limitada de tujona.[2]
·         Em 1999 no Brasil, foi trazida pelo empresário Lalo Zanini e legalizada no mesmo ano, porém teve de adaptar-se à lei brasileira, com teor alcoólico máximo de 54°GL.


O absinto é usado em bebidas, fragância de vários perfumes, na moda e em contextos artístico, como pintura, canções e poesia...

A "fada verde"
O licor de absinto era muito apreciado por famosos poetas e artistas como Van Gogh, Rimbaud, Baudelaire e Toulouse-Lautrec, entre outros. Ao que tudo indica, aquele destilado de ervas cor verde-esmeralda, também chamado de "fada verde", seria o responsável pelo comportamento bizarro de Van Gogh. E, recentemente, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos EUA, identificaram nas substâncias presentes nos destilados preparados com losna ou absinto, propriedades capazes de causar convulsões, alucinações, surtos psicóticos; dependendo da dosagem. Além disso, os estudos demonstraram que o uso crônico pode provocar danos neurológicos permanentes.
A combinação entre a dosagem de álcool e as substâncias presentes nesta planta pode ser perigosa e, por essa razão, a maioria dos especialistas costuma recomendar o uso da losna ou absinto na forma de infusão (no máximo duas xícaras de chá ao dia) e evitar a extração do sumo por maceração.
Em algumas regiões do Brasil a floração da planta é difícil, principalmente em locais muito quentes ou com sol intenso; por isso, para finalidades medicinais costuma-se utilizar mais as folhas do que as flores. Também é muito importante lembrar que a losna ou absinto (Artemisia absinthium L.) não deve ser confundida com outra planta muito conhecida: o abrótano (Artemisia abrotanum L.) que apresenta folhas mais finas e sabor agradável.